quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Filhos Impossíveis - eai?

Você sabe dar castigo?


Castigo educa? É eficiente? E qual o mais adequado para cada faixa etária? Atrás dessas e de outras respostas, fiz uma entrevista com a psicopedagoga e educadora especial Jane Costa. As respostas da profissional que atende crianças, pré-adolescentes e adolescentes serve como um pequeno guia para nos ajudar nessas horas difíceis – porém necessárias – de punir os filhos por causa de algum erro. Lembrando que o foco não são os condenáveis castigos físicos, como as polêmicas palmadas.
Castigo educa. Mas só quando for usado de maneira correta e repetida (sempre o mesmo castigo). A criança vai associar o ato errado à punição
O castigo deve ser brando e de pouca duração e aplicado logo depois do comportamento errado. Não deve durar muito tempo para que os pais não corram o risco de voltar atrás e quebrar o combinado
Ao aplicá-lo, pai e mãe devem ser firmes e explicar por que o filho está sendo punido. Se a criança for pequena, abaixe-se até ela, segure firme em seus ombros e olhe em seus olhos ao falar
Crianças de 8 meses a 1 ano e meio costumam reagir bem quando os pais dizem “não faz” ou “não pode”. Elas respondem melhor às palavras ditas do que a ações. Explicações longas não vão adiantar porque ela não tem o discernimento suficiente. Então, é melhor adotar a prática do item acima e restringir-se firmemente ao “não”
A partir de 2 anos, já é possível punir os erros com ações, e não somente mais apenas com palavras. E o castigo deve durar 1 minuto por ano . Se a criança tem 2 anos, a criança deve ficar dois minutos no castigo. Se tem 3, três minutos, e assim até os 6 anos. Se o erro for muito grave, aumente para o máximo de 10 minutos.
O ideal é que a criança fique, em silêncio, sentada em uma cadeira com encosto e guarda (é a famosa cadeirinha do pensamento), num local que não seja o quarto e fora do contato visual dos pais e de qualquer outra pessoa e sem atrativos que possam distraí-la. Para quem mora em apartamento, um bom local é o corredor. Se a criança puder acompanhar o tempo do castigo em um relógio, melhor.
Após os 4 anos, se a criança não ficar em silêncio ou não parar quieta, o pai ou mãe podem zerar o relógio e começar a contar o tempo novamente
Se a criança tem mais de 6 anos, pode-se dizer que ela está de castigo pelo tempo que demorar para voltar a se comportar. Ou então, usar os 6 minutos. A partir dessa idade, já é possível tirar algo que a criança gosta, como jazz ou futsal. Mas não pode ser por um período muito longo
A partir dos 10 anos, já é possível intensificar a punição, deixando o filho sem algo que ele gosta muito por um mês, por exemplo. Sempre explicando o motivo e cumprindo o que foi combinado
Para crianças a partir de 7 anos, é aconselhado que elas façam junto com os pais uma planilha com os horários e as principais tarefas do dia (8h – levantar, 9h – arrumar o quarto, 10h – fazer a lição de casa…). E para cada tarefa, marque ao lado vermelho para não cumpriu e azul para cumpriu. No fim da semana, faça a contabilidade e, se ele teve mais vermelhos do que azuis, aplique um castigo tirando algo que ele goste muito. A planilha precisa ficar num local bem visível para a criança.
Se o filho tiver notas baixas na escola, é preciso conversar com ele e com o colégio sobre os motivos e tentar solucionar o problema. E deixá-lo sem algo que ele goste até que volte a ter notas melhores
Quando a criança faz birra ou escândalo em público (gritar, jogar-se no chão), pegue-a pelos ombros, olhe em seus olhos, diga para parar com aquilo e retire-o do local. Em casa, aplique o castigo conforme a faixa etária. E não fique com vergonha por causa da situação: você não será a primeira nem a última mãe com esse problema.
Mãe e pai devem compartilhar a autoridade. Nada de dizer “espere seu pai voltar para ver o que vai acontecer”. Pai e mãe devem aplicar o castigo e entrar em acordo sobre ele. E sem palpites de familiares
Assim como o filho associa o erro ao castigo, ele associa o elogio ao acerto. Então, não deixe de elogiá-lo em situações em que ele se comportou bem.
Conversei com a psicopedagoga Jane Costa sobre as perguntas enviadas por vocês, mamães. Selecionei as mais frequentes e reproduzo aqui o que disse a profissional.


Oi, meu filho tem 2 anos e 11 meses, é uma criança de personalidade muito forte, quando não o deixamos fazer algo retruca, sai gritando comigo, pai, avô, avó quem estiver repreendendo ele. É muito bravo, quando o coloco de castigo grita, me da ponta pés, me xinga com as mesmas palavras que digo a ele como: não faz isso, vai de castigo, isso é feio e além de tudo agora começou a guspir. Qualquer motivo de contrariar ele já gospe em mim, esses dias guspiu no avô, nos primos. Estou um pouco preocupada, olha que não sou mãe de deixar fazer as coisas, sou bem firme, se digo que vou tirar um desenho, tirar um brinquedo por exemplo, eu faço, não passo a mão por cima não. Já dei palmadas, ele também sai dando tapas. Então, estou só colocando de castigo agora.
Meu marido acha que é normal, que ele ainda é novinho e que isto passa, mas eu estou bem preocupada. Vejo atitudes que não gosto de sobrinhos adolecentes hoje e me preocupo mais ainda.
Ele esta na escolinha e lá porque respeita a professora e em casa nao respeita pai e mãe? Porque as crianças são assim? Que atitudes devo tomar? (Tati)

RESPOSTA DA PSICOPEDAGOGA JANE COSTA – Quando a mãe é permissiva, e o pai, durão, ou vice-versa, há um desiquilíbrio dentro de casa, e a criança fica no meio. Se ela ouvir alguém dizer “isso é normal, é da fase”, não vai obedecer mesmo. As crianças seguem os modelos que têm em casa.  Na escola, a professora tem domínio sobre ele, e ele respeita.
*A dica sobre o castigo para esta faixa etária está no post anterior.

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Oi Fabi
o Guilherme tem hoje um ano e seis meses. No domingo a noite, ele tentava desmontar um de seu brinquedos, eu me sentei ao seu lado, olhei em seus olhinhos, conversei, expliquei, argumentei, disse que o que a dinda dele gastou com aquele brinquedo era mais do que muitas crianças tinha no quarto inteiro… Não adiantou, foram 25 minutos de conversa do meu lado e choro e sapateios do outro lado. O papai menos paciente, levantou-o do chão, deu
duas palmadas em sua fralda (entenda-se mais empurrões que palmadas) e fechou a porta do quarto. Pronto! O choro acabou, ele pegou outro brinquedo e saiu andando como se nada tivesse acontecido… Nesses casos, o que fazer??
beijos (Catia Guindani)

oi fabi! bem oportuna essa reportagem…minha dúvida é se posso aplicar castigo na minha filha de 1 ano e 7 meses…será q ela tem entendimento q aquilo não pode se repetir? qto tempo devo deixa-la de castigo? bjos e obrigada! (Juliane)
Olá Fabi, minha filha tem 1 ano e 7 meses e as vezes ela bate na minha car e na do pai dela, como reverter isso? Qual, como e qto tempo se aplica um castigo para acabar com isso? (Renata Cossettin Marques)  
Qual a idade que funciona o castigo ou o chamado “cantinho do pensamento”? A partir de que idade? (Deise Lougue)
RESPOSTA DA PSICOPEDAGOGA – Não adianta discursar e dar longas explicações para uma criança nesta idade. Olhe firme para ela e diga: “não faz”. Ela costuma entender pelo som, pela palavra. Não adianta castigo nessa idade. O castigo na cadeirinha do pensamento é só a partir dos 2 anos.
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O meu filhote tem 1 ano e meio e é super querido. Mas já começou a demonstrar sua vontade fazendo birra quando é contrariado. Se joga no chão e não tem nada que o faça parar de chorar. Foi aí que eu comprei o livro da Tania Zaguri, que ensina como dar limites. Estou aplicando as dicas dela e têm funcionado muito bem. Quando ele começa a fazer birra eu olho no olho dele, digo que não gosto disso e peço para parar. A partir daí eu não dou atenção e começo a fazer outra atividade (coisas que ele gostaria de fazer junto). No início, levava um bom tempo para ele se acalmar e vir brincar comigo. Agora ele leva uns minutos e já para de chorar. Ela diz que devemos colocar limites nas crianças desde pequenos, para não termos problemas maiores no futuro e termos que recorrer a castigos.bjs (Paloma, mãe do Vini)
COMENTÁRIO DA PSICOPEDAGOGA – É isso mesmo. Ela sai da visão do filho, e funciona bem.
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Ótima pauta! Então, vou dar a minha opinião!
O que faz uma mãe que, pela “zilionésima” vez, pede para o filho não fazer escândalo no supermercado, e ele faz mais um daqueles inesquecíveis?
Bom, primeiro de tudo vc deve conhecer as dicas para evitar que isso aconteça, ou aprenda o que fazer quando isso acontecer.
O que eu fiz e funcionou muito bem:
1) Ignorar. Isso mesmo, dei as costas e sai andando, ele foi atrás, emburrado, mas quieto.
2) Combinar. Antes de sair de casa, combine com a criança o que vcs vão fazer lá. Vc gosta de ir num supermercado e não comprar nada? Pois é, criança tbém não gosta. Qdo der, combine com ela o que ela vai ganhar. Que seja um iogurte ou uma barra de cereal. Diga pra ela que é aquilo que vcs vão fazer lá. Objetividade com criança é ótimo. Criança adoro um acordo e geralmente cumpre bem.
3) Evite o cansaço. Criança cansa de tanto caminhar. É, cansa mesmo, suas pernas não são tão longas como a da mãe. Então, jogo rápido.
4) E se nada disso funcionar e a criança der piti, não ligue para o que os outros vão dizer ou achar. As pessoas sempre vão pensar alguma coisa de você, não importa a situação. Ninguém tem nada a ver com isso e quase toda mãe já passou por isso. (Daniela)

COMENTÁRIO DA PSICOPEDAGOGA – Funciona se a criança tiver mais de 4 anos. Você não vai deixar a criança e sair caminhando pelo supermercado, se ela pode se perder e causar um transtorno ainda maior. Se a criança fizer birra no supermercado, retire-a do local. Se não for possível, coloque-a dentro do carrinho de supermercado. Se alguém olhar, comente “essa idade é fogo”. Não dá é para se envergonhar.
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Sou mãe do Arthur de 6 anos e desde pequeno sempre utilizamos a “cadeira do pensamento”. Hoje em dia que ele esta maior, o castigo de cortar o video game funciona muito bem por uns dois ou tres dias, depois ele volta a fazer alguma outra birra e eu preciso ficar relembrando “se fizer não tem video game”, será que é assim mesmo? Temos que ficar sempre batendo da mesma tecla para que os nossos pequenos aprendam? Sem contar os questionamentos que já temos que ficar ouvindo pois pensam que já são “mini adolescentes”.
RESPOSTA DA PSICOPEDAGOGA – É assim mesmo. Tem de ficar insistindo e aplicar sempre o mesmo castigo.
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Post retirado do blog meu filho do Diário de Santa Maria... Adoro

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