sábado, 16 de julho de 2011

“Não consigo viver em uma jaula”

Ela foi embora e deixou apenas um bilhete: “Não consigo viver em uma jaula”


Há tanto tempo não via o Felipe que quando o encontrei esses tempos na rua me espantei com sua magreza. O Felipe sempre foi um cara forte, peitoral grande e definido, barriga de tanquinho, braços gordos, fortes. Ele é loiro de olho azul. Cabelos cheios, volumosos. Pernas grossas. Enfim, o Felipe tinha todos os predicados para agradar as mulheres. Logo, você pode imaginar que estar acompanhado, para o Felipe, não era problema, certo?
Acontece que o Felipe estava magro. Seco. Raquítico. Não consegui me conter e tive de perguntar o motivo de ele ter emagrecido tanto. Logo ele que sempre se cuidou, malhava pesado, gostava de ter aquele corpo venerado pelas mulheres. Felipe explicou que havia largado a vida boêmia pois tinha encontrado a mulher de sua vida em uma das tantas festas que adorava frequentar. Mais velha. Oito anos. E ele tendo 25 esses oito anos fazia toda a diferença. Principalmente no sexo — mas sexo não é o tema deste post. O tema deste post é amor.
O Felipe estava magricela porque a mulher da vida dele o deixou. E ele sabia que não tinha mais volta. Ela não atendia o telefone. Não respondia e-mails. Apagava os recados no Facebook. Bloqueou Felipe no Twitter. MSN sempre Offline. Foi embora com os seguintes dizeres — em um bilhete: “Você, com certeza, seria o amor de minha vida. Mas sou boêmia como você. E não consigo mudar e viver em uma jaula. Você conseguiu. Eu não. Para não te magoar, vou embora. Me desculpe”.
Primeiro, o Felipe não quis mais sair de casa. Aproveitou a coincidência das férias e ficou no quarto, dormindo. Persiana fechada. Não falava com ninguém. A secretária eletrônica ecoava bips infinitos para as pessoas que o procuravam. Olhava o número no bina, via que não era de sua amada e deixava tocar. Parou de fazer a barba. Não se perfumava mais. Vestia qualquer roupa. Caiu em depressão. Emagreceu. Emagreceu. Emagraceu.
Não tive coragem de dar qualquer conselho. Apenas apertei os lábios de minha boca e balancei a cabeça. Sempre quis ser como o Felipe. Mas agora estava tudo claro para mim: ele, lindo e referência para as mulheres, estava magro e sofrendo. Eu, o menino que sempre era convidado por último para os programas da turma, partia para casa, abraçar, beijar e sentir o quanto era feliz com minha mulher.
Homem também sofre por amor. E, às vezes, até os bonitos.


Texto retirado do site: http://wp.clicrbs.com.br
Achei interessante e resolvi colocar aquii...Eles também sofrem!


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